

“QUEM ÉS TU, MULHER TEIXEIRENSE?”
De que idos tempos nebulosos
Rasgas em tais veredas,
Sangrando tuas sagradas chagas,
Duras cargas opressoras?
Tantas Marias,
Anas e Verônicas,
De todos os cantos e raças,
Nos autos ou baixos da escala social.
Em salas, sem falas;
Em fogões, rotuladas por quem as fere,
Em quartos, mal aquecidos,
Frios quartos,
Caricaturando seu desejo,
Perdendo sua identidade:
Servil sim, jamais mulher!
Bravas mulheres liderando seus lares,
Projetando seus homens;
Anônimas domésticas,
Amestrando seus senhores para voar...
Sai da sombra de quem tuas asas corta,
Tua alma escraviza!
Olha pela janela
Que o teu mundo te deixa entreaberta
E vê que tantas outras,
Na dor, a ti assemelham-se!
E lá nas ruas,
Nos mercados e campo;
Nas esquinas, num submundo;
Em fábricas, nos tanques da vida;
Comprando e vendendo-se,
São mulheres que choram,
Cantam,
Reclamam,
São mulheres que lutam!
Operárias, sindicalistas,
Corpos que amam e desamam,
Mulheres públicas,
Senhoras da vida que fertilizam
A Terra, mãe e irmã
Igual a cada uma...
Segue de casa em casa,
De boca em boca,
Levanta tua bandeira,
Branca ou vermelha, mas foge às praças!
Faz ressoar em becos, bares e calçadas
As pequenas,
As grandes batalhas
Vencidas à custa de tanta guerra.
Que não seja teu ideal o trono,
O cetro,
Mas a procura desenfreada
De tua liberdade
E, somente livre,
Poderás responder-te que és,
Igualmente gente,
Companheira,
Cidadã consciente, verdadeiramente
MULHER.